Parece algo muito distante pensar em santidade. É, para muitos, uma missão praticamente inalcançável ser santo. Isso porque a maioria de nós pensa que santos são seres humanos idealizados, imaculados, cuja vida baseia-se numa perfeição moral permanente e inatacável.
Tratam-se, entretanto, de falsos paradigmas. Para quebrá-los, há muitos exemplos, vale lembrar a história de um dos mais destacados nomes do Cristianismo: Agostinho de Hipona, o nosso Santo Agostinho, Doutor da Igreja. Agostinho vivera boa parte de sua vida totalmente entregue à luxúria e aos prazeres, negando qualquer possibilidade de seguir a Deus e muito menos a Igreja. Sua perseverante mãe, Mônica, não se cansava de rezar pedindo a conversão do filho. O que parecia praticamente impossível aconteceu, quando, ao maravilhar-se com as pregações do bispo Ambrósio,
Agostinho sentiu-se tocado e convenceu-se, por meio da razão, da existência de Deus e da necessidade de se engajar. A partir de sua conversão, Agostinho escolheu o caminho da santidade. Tornou-se sacerdote, bispo de Hipona e escreveu obras teológicas e filosóficas extraordinariamente magníficas. Agostinho tornou-se santo, sua mãe e o bispo Ambrósio também. Santo Agostinho, Santa Mônica e Santo Ambrósio são, atualmente, três venerados santos de nossa Igreja, lembrados por todos os cantos do planeta.
A história de Santo Agostinho é apenas um exemplo. Assim como ele, uns se convertem pela razão, enquanto outros passam a seguir a Deus pela emoção, pelos caminhos naturais ou pelos descaminhos da vida. Fato é que não há uma regra, não há um paradigma. Agostinho é o exemplo maior de que a santidade pode ser alcançada quando há disposição e vontade.
Por fim, há de se lembrar das palavras iluminadas do Santo Padre, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (Alegrai-vos e Exultai) em que aborda de maneira clara a questão da santidade no mundo contemporâneo:
“Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”.
As palavras de Francisco são iluminadoras e demonstram, de forma clara, que todos nós podemos seguir o caminho da santidade, basta exercer a bondade e a justiça. Em suma, é seguir os ensinamentos de Jesus e agir cotidianamente em prol da comunidade, vencendo o egoísmo e praticando o amor. Vamos começar?
* Frei Diego de Frazão, religioso dominicano português. Missionário na região amazônica.
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