A lama, uma vez mais, atinge-nos a alma |
Há novamente uma tragédia que nos atinge a todos os mineiros. O segundo desastre com barragens de rejeitos de mineração, com vítimas fatais, em menos de 3 anos. Nosso nome é Minas Gerais, a mineração está em nosso sangue, faz parte de nossa identidade. O nosso gentílico é “mineiro” e todos, consciente ou inconscientemente, “mineiramos”.
TODOS nós, mineiros de todos os cantos, discordamos da forma com que parte da indústria da mineração trata o nosso estado: colocando os lucros acima da vida humana. Impondo os números na frente das pessoas.
Se há uma tecnologia que minimiza os riscos (como o beneficiamento a seco), por que não implantá-la mais rapidamente? Ou porque não reduzir a operação enquanto não se implanta um novo modelo mais seguro e sustentável? Por uma razão simples: Porque os lucros não podem cessar, mas a vida humana, essa pode correr todos riscos. É assim essa gente pensa!
Quanto custa uma vida humana? R$ 1 milhão de indenização? Quanto custa implantar o beneficiamento a seco? R$ 1 bilhão? O cálculo que eles fazem é simples: compensa o risco.
A Vale tem um plano para, até o ano de 2025, reduzir o uso de barragens e produzir menos 700 milhões de toneladas de rejeitos. Porque não antecipou o plano ou diminuiu as operações até se estabelecer o novo sistema? Porque o lucro não pode cessar. Já a vida humana, bom, deixa isso que os advogados resolvem as indenizações. Agora vem os diretores chorando dizendo que estão “com os corações dilacerados”. Poupem-nos desses dramas baratos! Deles não me compadeço. Merecem a condenação irremissível da história e da justiça. O que dilacera meu coração é saber que nossa morosa justiça garante que eles estarão, dentro em breve, em suas mansões na Barra da Tijuca tomando suas bebidas grã-finas e “lembrando da dor” que sentiram neste momento difícil.
A história condenará eternamente a Vale e todos aqueles que insistem em reduzir a vida humana a LAMA.
Aos irmãos de Brumadinho, a mais irrestrita solidariedade e compaixão! Seu sofrimento é NOSSO. Sem mais palavras. Estamos de luto e revoltados!
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