quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Sobre Barroso, Eduardo Pinto, Antônio Claret e a Política

Estive em São João del-Rei neste final de semana para receber uma motoniveladora para Itaguara. Aproveitei, visitei Barroso, flertei com o passado e vislumbrei futuros. Escrevi essa crônica com o coração cimentado por sentimentalidades barrosenses e imaginando o que virá. 

Um café e uma cerveja:
o passado, o futuro e a política

Alisson Diego Batista Moraes *

Dudu até que era um pivô regular, não era rápido com a bola nos pés, mas era habilidoso e ocupava bem os espaços da quadra. Fez alguns gols sob as traves que defendi. Eu era um goleiro mediano, pegava bolas difíceis e tomava alguns gols por completa distração. Mas lembro que vencemos o time do Dudu, da sétima série, no principal campeonato que disputamos naquele ano: os Jogos da Primavera, que aconteceram no CECLANS, coordenados pelo nosso entusiasta professor-radialista Galdino Silva.

Missa de Formatura da 8ª série do CSJ em Barroso, 1999
Já o Antônio, flamenguista de carteirinha, jogou no meu time. Jogava na frente, não gostava de marcar, mas batia com os dois pés, e embora não pudesse ser chamado de talentoso, era bom jogador para os nossos padrões. O que fazia dele um atacante respeitado, entretanto, era a camisa vermelha do Milan, que sempre gostava de usar. Aquilo nos invejava porque ninguém da turma tinha uma camisa oficial de um time estrangeiro. Ainda mais o Milan, da Itália, do Leonardo!

Dudu sonhava em jogar no Cruzeiro, Antônio no Flamengo e eu, no Galo. Claro, tudo como mandava o script infanto-juvenil no fim da década de 90 e com trilha sonora do Skank, que por sinal, tinha lançado É Uma Partida de Futebol, mais ou menos naquela época.

O tempo passou. Chegou a “adultice”. Eu não me tornei goleiro do Atlético, apesar de ter insistido até os 15 anos com o futebol. Antônio abandonou a bola e investiu na guitarra. Tampouco Dudu se tornou craque celeste. Tornamo-nos, os três, políticos. E não era algo impensável há uma década e meia atrás que nos tornássemos jovens políticos. Sempre fomos líderes de turma, envolvidos com grêmio estudantil e organizadores das festas escolares.

Neste final de semana, em visita a Barroso (cidade a 40 km de São João del-Rei, onde morei de 1995 a 2000), encontrei os dois ex-colegas de futebol e amigos para a vida inteira. Dudu, jovem e promissor vereador barrosense, foi eleito no último pleito, um dos mais votados da cidade. Já o Antônio, é mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro e trabalha com políticas sociais no governo do estado. Quanto a mim, tornei-me prefeito de Itaguara, depois de ter sido vereador.

Após anunciar, por telefone, a minha repentina visita, recebi o convite do amigo Dudu para um café na Câmara Municipal. Agradável o café e mais agradável a conversa. Falamos do atual cenário político mineiro, lembramos saudosistas dos tempos de Colégio São José e conjecturamos bastante sobre o futuro. Foi bom demais ter revisto o amigo Dudu, que apesar das agruras porque passa como edil, demonstra um sublime e contagiante entusiasmo com a política enquanto ferramenta de transformação social.

Logo depois, fui convidado pelo Antônio a beber uma cerveja naquele fim de tarde de sol muito forte, num bar perto da rodoviária. Lá, a conversa fluiu remansada, como as águas do Rio das Mortes. Como é bom conversar com o Antônio. Os assuntos são tão variados que dá gosto! Economia, esportes, filosofia, poesia, astronomia e até política. Antônio fala com aprazimento sobre as possibilidades que a política tem de mudar para melhor a vida das pessoas.

Antônio é do PSDB. Dudu é do PV. E eu, do PT.  Mas as siglas pouco importam. Se divergimos nos métodos, o objetivo é o mesmo: queremos uma realidade melhor para as nossas cidades, nosso estado e nosso país. E é por isso que, apesar de tantos motivos para desesperança, ainda acreditamos na política.

Confesso que Barroso tem a capacidade de me revigorar. Reacende em mim aquela velha centelha no coração que diz que a política ainda tem jeito. Antônio, Dudu e essas lembranças me motivam a seguir em frente.

No fundo, somos os mesmos moleques encantados por futebol, apaixonados por nossas cidades e ansiosos por fazer da política algo muito melhor do que ela tem significado nos últimos tempos.


* Alisson Diego Batista Moraes, 28 anos, advogado e poeta. Exerce pelo segundo mandato a função de prefeito de Itaguara (cidade a 90 km de BH, na Região Metropolitana). É cidadão honorário de Barroso (com muito orgulho), funcionário licenciado do Banco do Brasil e possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

Um comentário:

Rhonan Moreira Neto disse...

Sensacional! Tenho nos dois, Dudu e Antônio, um carinho, um respeito e uma consideração muito grandes... E em você, meu nobre Alisson Diego, o apreço é o mesmo. Espero por sua próxima visita em Barroso para uma cerveja ou um cafezinho, juntos, nós quatro! Abraço! =)