Estive em São João del-Rei neste final de semana para receber uma motoniveladora para Itaguara. Aproveitei, visitei Barroso, flertei com o passado e vislumbrei futuros. Escrevi essa crônica com o coração cimentado por sentimentalidades barrosenses e imaginando o que virá.
Um café e uma
cerveja:
o passado, o
futuro e a política
Alisson Diego
Batista Moraes *
Dudu
até que era um pivô regular, não era rápido com a bola nos pés, mas era
habilidoso e ocupava bem os espaços da quadra. Fez alguns gols sob as traves
que defendi. Eu era um goleiro mediano, pegava bolas difíceis e tomava alguns
gols por completa distração. Mas lembro que vencemos o time do Dudu, da sétima
série, no principal campeonato que disputamos naquele ano: os Jogos da Primavera,
que aconteceram no CECLANS, coordenados pelo nosso entusiasta
professor-radialista Galdino Silva.
Missa de Formatura da 8ª série do CSJ em Barroso, 1999 |
Já
o Antônio, flamenguista de carteirinha, jogou no meu time. Jogava na frente,
não gostava de marcar, mas batia com os dois pés, e embora não pudesse ser
chamado de talentoso, era bom jogador para os nossos padrões. O que fazia dele
um atacante respeitado, entretanto, era a camisa vermelha do Milan, que sempre gostava
de usar. Aquilo nos invejava porque ninguém da turma tinha uma camisa oficial
de um time estrangeiro. Ainda mais o Milan, da Itália, do Leonardo!
Dudu
sonhava em jogar no Cruzeiro, Antônio no Flamengo e eu, no Galo. Claro, tudo
como mandava o script infanto-juvenil
no fim da década de 90 e com trilha sonora do Skank, que por sinal, tinha
lançado É Uma Partida de Futebol,
mais ou menos naquela época.
O
tempo passou. Chegou a “adultice”. Eu não me tornei goleiro do Atlético, apesar
de ter insistido até os 15 anos com o futebol. Antônio abandonou a bola e
investiu na guitarra. Tampouco Dudu se tornou craque celeste. Tornamo-nos, os
três, políticos. E não era algo impensável há uma década e meia atrás que nos
tornássemos jovens políticos. Sempre fomos líderes de turma, envolvidos com
grêmio estudantil e organizadores das festas escolares.
Neste
final de semana, em visita a Barroso (cidade a 40 km de São João del-Rei, onde
morei de 1995 a 2000), encontrei os dois ex-colegas de futebol e amigos para a
vida inteira. Dudu, jovem e promissor vereador barrosense, foi eleito no último
pleito, um dos mais votados da cidade. Já o Antônio, é mestre em Administração
Pública pela Fundação João Pinheiro e trabalha com políticas sociais no governo
do estado. Quanto a mim, tornei-me prefeito de Itaguara, depois de ter sido
vereador.
Após
anunciar, por telefone, a minha repentina visita, recebi o convite do amigo
Dudu para um café na Câmara Municipal. Agradável o café e mais agradável a
conversa. Falamos do atual cenário político mineiro, lembramos saudosistas dos
tempos de Colégio São José e conjecturamos bastante sobre o futuro. Foi bom
demais ter revisto o amigo Dudu, que apesar das agruras porque passa como edil,
demonstra um sublime e contagiante entusiasmo com a política enquanto ferramenta
de transformação social.
Logo
depois, fui convidado pelo Antônio a beber uma cerveja naquele fim de tarde de
sol muito forte, num bar perto da rodoviária. Lá, a conversa fluiu remansada,
como as águas do Rio das Mortes. Como é bom conversar com o Antônio. Os
assuntos são tão variados que dá gosto! Economia, esportes, filosofia, poesia,
astronomia e até política. Antônio fala com aprazimento sobre as possibilidades
que a política tem de mudar para melhor a vida das pessoas.
Antônio
é do PSDB. Dudu é do PV. E eu, do PT.
Mas as siglas pouco importam. Se divergimos nos métodos, o objetivo é o
mesmo: queremos uma realidade melhor para as nossas cidades, nosso estado e
nosso país. E é por isso que, apesar de tantos motivos para desesperança, ainda
acreditamos na política.
Confesso
que Barroso tem a capacidade de me revigorar. Reacende em mim aquela velha centelha
no coração que diz que a política ainda tem jeito. Antônio, Dudu e essas
lembranças me motivam a seguir em frente.
No
fundo, somos os mesmos moleques encantados por futebol, apaixonados por nossas
cidades e ansiosos por fazer da política algo muito melhor do que ela tem
significado nos últimos tempos.
*
Alisson Diego Batista Moraes, 28 anos, advogado e poeta. Exerce pelo segundo
mandato a função de prefeito de Itaguara (cidade a 90 km de BH, na Região Metropolitana).
É cidadão honorário de Barroso (com muito orgulho), funcionário licenciado do
Banco do Brasil e possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.
Um comentário:
Sensacional! Tenho nos dois, Dudu e Antônio, um carinho, um respeito e uma consideração muito grandes... E em você, meu nobre Alisson Diego, o apreço é o mesmo. Espero por sua próxima visita em Barroso para uma cerveja ou um cafezinho, juntos, nós quatro! Abraço! =)
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