terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Ampliação da Pediatria
A Prefeitura Municipal de Itaguara amplia a partir de hoje o atendimento pediátrico do município - uma reivindicação antiga da população. Nos últimos oito anos, havia 60 consultas pediátricas por semana. A partir de agora serão 72 consultas semanais. "Apesar das dificuldades financeiras que estamos passando, a questão da pediatria era uma importante reivindicação e que colocamos como prioridade na agenda da saúde para este ano. Dissemos que ampliaríamos o serviço este ano e estamos cumprindo a nossa palavra", disse o prefeito Alisson Diego.
Leia abaixo, trechos da reportagem do Fantástico de abril de 2011 sobre a questão da falta de pediatras no Brasil:
Toda mãe, todo pai, até uma criança sabe o valor do pediatra. E todo mundo é capaz de imaginar o drama de não ter este médico quando mais se precisa.
A busca desesperada por um médico especialista em crianças, o pediatra, virou situação comum em todo o país. Porque, no Brasil, hoje, faltam pediatras. Em 1996, 13,6% dos médicos eram pediatras. Hoje, 9,8%.
A explicação para faltar mais pediatras do que outros médicos começa nas faculdades: os alunos de medicina estão desistindo da pediatria.
“Até uns dez anos atrás, um quarto dos cem alunos de cada turma da santa casa tinham essa preferência, pediatria. No correr do último decênio, nós notamos que houve uma queda no interesse, conta o pediatra Júlio Toporovski.
Ele atende em consultório e também na Santa Casa de São Paulo, onde, há 40 anos, é professor na residência em pediatria. A residência é um curso prático, feito depois dos seis anos obrigatórios de medicina. Referência na área, Doutor Julio sabe que o problema de falta de pediatras é nacional.
“Na minha turma só eu fiz pediatria, de 50 alunos”, diz a residente de pediatria Karina de Oliveira.
Com a diminuição da procura da pediatria, nós fomos perdendo bolsas. Então hoje nós temos 10 vagas, mas só seis bolsas, explica José Eduardo Bueno, coordenador de pediatria da PUC/Sorocaba.
O número de inscritos para a prova nacional que dá o título de pediatra depois de feita a residência caiu 42% nos últimos 12 anos.
“Se nós não fizermos nada hoje, nós não teremos pediatras no futuro”, alerta Gloria Barreto Lopes, presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria.
No estado de Sergipe, existem dois hospitais que oferecem residência em pediatria, mas neste ano nenhuma vaga foi ocupada. Em um deles, por falta de residentes, o atendimento às crianças já está sendo prejudicado.
(...)
As equipes do Fantástico percorreram o Brasil de norte a sul. De Pernambuco ao Rio Grande do Sul. E a situação é sempre a mesma. Faltam médicos para atender as crianças. Mas por quê? Por que tantos pediatras estão pedindo demissão? E por que os estudantes de medicina não querem mais saber dessa especialidade?
“Meu pai é cirurgião-geral. Por ele, eu não faria pediatria. Então eu não sofri influência de ninguém, porque ele falava: ‘Filha, você vai morrer de fome’”, relata a residente Marcela Romangneli.
Contra a carreira de pediatra, conta também o fantasma dos telefonemas a qualquer hora do dia ou da noite.
“Eu procuro ligar sempre, antes de dar qualquer coisa. Eu acho que eles preferem que ligue”, acredita a mãe Andrea Sirolin.
A repórter pergunta se o Dr. Toporovski concorda: “Eu prefiro que não liguem, mas faz parte da profissão. É uma consulta, 200 telefonemas”, brinca o médico.
E as ligações fora de hora são apenas uma das razões. “O pediatra trabalha muito, recebe telefonema em casa, tem que estar à disposição da família. E ganha pouco”, Ricardo Gurgel, vice-presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria.
O médico Eduardo da Costa e Silva, de 37 anos, desistiu rapidamente da pediatria. Encarou mais dois anos de nova residência e virou radiologista - faz laudos de exames de imagem e quase não tem lida com pacientes. “Agora, para ganhar o mesmo, eu trabalho menos. Eu não trabalho dando plantão. Tenho horário mais ou menos fixo, de segunda a sexta, sei mais ou menos a hora que vou sair para casa, sei a hora que vou entrar no trabalho. Não é o dia-a-dia do pediatra comum”. “O aluno quer uma coisa cada vez mais especializada. Ele gosta da tecnologia. Ele quer que trabalhe com as especialidades que tenham procedimentos, porque isso leva a uma melhor remuneração”, conta Jucille Meneses, presidente de Pediatria de Pernambuco.
Procedimentos são exames, cirurgias, ações pagas à parte. Na pediatria, tudo isso é raro. O dia-a-dia é feito só de consultas. E consultas demoradas. “A criança não te diz o que sente, muitas vezes. É um trabalho de detetive. Você olha para ela entrando, olhando, vendo e tal, a mãe te dá uma noção. Você precisa ter paciência e ir juntando as pecinhas pra conseguir chegar a um diagnóstico”, afirma a pediatra Daniele Castro.
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O Ministério da Saúde fez uma pesquisa em 2008 com diretores de hospitais públicos para saber para qual especialidade é mais difícil encontrar profissionais. Deu pediatria em primeiro lugar. “A gente tem mais dificuldade de conseguir contratar o profissional pediatra do que outras especialidades da área médica”, confirma Hans Dohmann, secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
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Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1660059-15605,00.html
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