As mulheres percorreram um longo e importante caminho de inserção social nas últimas décadas em todo o mundo. No Brasil, não foi diferente e as conquistas femininas são plenamente perceptíveis (importante lembrar de que este ano comemoramos 80 anos do voto feminino em nosso país). Entretanto, há ainda um longo caminho a ser percorrido.
Existe uma disparidade de gênero inaceitável num país democrático e que é observado com ótimas expectativas por todo o globo. Quando analisamos a participação das mulheres na política, especialmente nos parlamentos brasileiros, e comparamos o percentual de mulheres nos parlamentos de países vizinhos, nosso país "perde" para todos as nações sulamericanas. Perdemos, inclusive, para países como Iraque e Afeganistão.
Apesar desses dados, pode-se afirmar que a população brasileira não discrimina as mulheres na política. Ao contrário, pesquisas mostram que o povo brasileiro possui uma visão positiva da participação feminina na política. Na prática, também percebemos isso. Nas eleições presidenciais de 2010, das nove candidaturas para a presidência da república, apenas duas eram de mulheres. Marina Silva e Dilma Rousseff tiveram, no primeiro turno, dois terços de todos os votos. Todos os outros candidatos somaram 33% dos votos válidos.
Nos parlamentos, entretanto, o problema da sub-representação feminina continua por dois motivos básicos: a falta de mais mulheres nas direções dos partidos políticos e a cultura de que a política é feita por homens. Tome-se como exemplo que em meu livro didático de história de 4ª série havia um capítulo intitulado "Os Grandes Homens do Brasil". Estes homens eram descritos como os responsáveis pela "construção da nação". Há apenas uma pequena citação de uma mulher neste capítulo (princesa Isabel).
No Brasil de hoje, os homens ainda possuem a maioria dos cargos gerenciais e políticos, mas o fato de termos uma presidenta é extremamente importante para vencermos barreiras e preconceitos históricos e ajuda muito na efetivação da igualdade de gênero no país .
Um dado importante que devemos observar e que comprova o avanço da mulher em nossa sociedade: desde 2007, 10 milhões de mulheres abriram o seu próprio negócio no país - o que representa a metade dos empreendedores brasileiros. Em 2001, as mulheres correspondiam a 29% dessa estatística (dados da Global Entrepreneurship Monitor).
Além das conquistas femininas e das questões práticas de termos uma presidenta, há também simbolismos importantes. Por exemplo: Pela primeira vez na história, uma mulher (Dilma) fez o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, sob o olhar atento da comunidade internacional, que talvez tenha valorizado este fato mais que nós, brasileiros.
O longo caminho percorrido até aqui pelas mulheres merece destaque, mas ainda é preciso caminhar mais para que a igualdade de gêneros não seja uma ficção desejável, mas uma realidade louvada por todos nós.
* Alisson Diego Batista Moraes
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